O GÊNERO DIÁRIO DE LEITURAS NO CAMPO DA ATIVIDADE ACADÊMICA

Resumo

O presente artigo está fundamentado na teoria/análise dialógica do discurso, aderido à definição de gêneros do discurso advinda do Chamado Círculo de Bakhtin, propondo refletir, a partir de discussões acerca do gênero do discurso, sobre o funcionamento do diário de leituras mediante a compreensão da forma arquitetônica nos gêneros do discurso (BRAIT; PISTORI, 2012). O diário de leituras é um gênero derivado do diário genérico, com características fundamentais de ser dialógico e ser testemunha das leituras e dos diálogos desenvolvidos nas atividades de leituras escolares ou acadêmicas. Objetivamos compreender esse gênero do discurso aplicado no campo da atividade acadêmica e verificar seu funcionamento mediante a arquitetônica, percorrendo o caminho analítico proposto por Ferreira (2020, no prelo). Esse caminho consiste em analisar a arquitetônica mediante a interpenetração e a distinção de contextos valorativos (arquitetônica dialogizada). Os resultados mostram que a arquitetônica constituída no diário de leituras analisado, aplicado no contexto acadêmico, proporciona: (i) o posicionamento do leitor a partir de suas experiências concretas da vida cotidiana; (ii) contraposições e interpenetração de arquitetônicas promovendo a descentralização discursiva do leitor universitário com geração de mudanças discursivas, reflexivas e desenvolvimento de leituras. No âmbito do contexto acadêmico, o diário de leituras favoreceu para esse leitor uma abertura a um diálogo heterogêneo, ao movimento centrífugo ou descentralizador, com o pensamento participativo.