A lógica e encenação narrativa em Todos os nomes, de José Saramago

Ana Caroline de Carvalho Paiva

Resumo


Este artigo é um recorte da nossa pesquisa de Iniciação Científica vinculada ao curso de Letras da Universidade Federal do Piauí e tem como objetivo analisar o modo de organização do discurso narrativo na obra “Todos os nomes”, publicada em 1997 pelo escritor português José Saramago. O romance conta a história de um escriturário do principal cartório de registro da cidade que resolve arranjar uma distração para fugir da monotonia do seu trabalho, colecionando notícias de pessoas famosas. Trata-se de um trabalho de natureza qualitativa e interpretativa que tem como base teórica principal a Análise do Discurso Literário proposta por Dominique Maingueneau e a Análise do Discurso Semiolinguística de Patrick Charaudeau. A partir dos resultados obtidos, percebe-se que o romance, ao mostrar a vida do personagem Sr. José, apresenta como temas principais a solidão, a busca pelo desconhecido e a morte, a partir de um enfoque exógeno representado por um narrador impessoal de primeira instância. A lógica narrativa possui três componentes: actantes, processos e sequências que estão interligados entre si e seguem uma sucessão de ações construindo, assim, a trama da história. Segue uma cronologia contínua em progressão e tem-se a expansão como procedimento principal relacionado ao ritmo. A encenação narrativa é composta por quatro sujeitos: autor e leitor real como parceiros; narrador e leitor destinatário como protagonistas. Conclui-se que o desvelamento da lógica e da encenação narrativa da obra permitem uma compreensão mais abalizada da mesma.

 

 


Palavras-chave


Discurso; Literatura; Todos os nomes.

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