PROPOSIÇÃO METODOLÓGICA: O GRAFFITI NO ENSINO

Tatiana Aparecida Moreira

Resumo


Recebido (Received): 09-09-2020; Aceito (Accepted): 29-09-2021.

 

Neste artigo, vamos iniciar a construção de uma metodologia de utilização do graffiti, arte de rua, presente no contexto do Movimento Hip Hop, para o ensino, sobretudo, na educação básica. Partimos desta questão: como propor uma metodologia de análise para algo que tem prazo de validade? Falamos em prazo de validade, tendo em vista o caráter efêmero do graffiti, pois, em muitos lugares, e por estar nas ruas, em viadutos, muros e pontes, por exemplo, é, comumente, substituído por outros ou simplesmente apagado. A elaboração de uma metodologia de análise é uma forma de situar o graffiti, no grande tempo, visto essa arte de rua estar circunscrita num cronotopo, ou seja, em um tempo e em um espaço. Desse modo, uma maneira de se examinar o graffiti é fotografando-o, devido a esse caráter transitório. A partir disso, é possível observar contextos mais amplos, como aspectos históricos, culturais e sociais, que dialogam com o que está no graffiti. Ao se analisar não só a obra em si, como também esses outros aspectos, é possível propor metodologias de uso do graffiti para a educação. Para tal, vamos usar a teoria do Círculo de Bakhtin (2003, 2010) sobre atitude responsivo-ativa, compreensão e dialogismo e de Koch e Elias (2006) sobre leitura e produção de sentido e fatores de compreensão de leitura. A princípio, esta proposta traz apenas o suporte teórico e metodológico da Linguística, mas pretendemos ampliar os diálogos, já que este escrito integra o nosso projeto de pós-doutorado a ser cursado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, nas áreas de Geografia e de Artes. Desse modo, é uma proposição inicial e, como resultados esperados, pretendemos alargar as possibilidades para o ensino, por meio de um olhar interdisciplinar entre Linguística, Geografia e Artes.

Palavras-chave: Proposta metodológica. Ensino. Graffiti. Interdisciplinar.


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