Efeito do Extrato Etanólico da Casca do Caule de Magonia pubescens (Sapindaceae) na Cicatrização de Feridas Palatais em Ratos
Resumo
O processo de cicatrização envolve as fases inflamatória, proliferativa e de maturação. A fase inflamatória se inicia logo após a lesão, sendo essencial para o processo de cicatrização em virtude da vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e quimiotaxia de células defensivas. As plantas medicinais do cerrado brasileiro têm atraído a atenção de pesquisadores em função de suas propriedades benéficas para a cicatrização. A espécie Magonia pubescens A. St.-Hil. (Sapindaceae) apresenta componentes fitoquímicos relacionados à atividade antiulcerativa e antitumoral, os quais podem ser candidatos a aceleradores do processo cicatricial. O objetivo deste trabalho foi avaliar o processo de cicatrização de feridas orais de ratos após o tratamento com extrato etanólico de Magonia pubescens em creme-base Lanette na concentração de 5%. Foram utilizados 36 ratos, distribuídos em grupos Tratamento (T) e Controle (C). Após a confecção da ferida cirúrgica, o creme com o extrato da planta foi aplicado diariamente no grupo Tratamento, enquanto que o grupo Controle recebeu o creme sem extrato. As eutanásias foram realizadas no 2º, 4º e 6º dias pós-operatórios, gerando os subgrupos 2T e 2C, 4T e 4C, 6T e 6C, com seis ratos cada um. As feridas foram excisadas e processadas pela técnica histológica e coradas com tricrômico de Masson. Observou-se que a contração da área da ferida foi levemente maior no grupo 2C do que no 2T, entretanto, ao longo do tempo, houve tendência de aumento progressivo no grupo Tratamento, embora sem diferença estatística no período analisado. A análise histológica demonstrou que a fase inflamatória no grupo 2T foi mais acentuada que no 2C, mas, nos demais tempos operatórios, o processo cicatricial evoluiu de maneira semelhante. Os resultados evidenciam que o extrato de M. pubescens acentua a fase inflamatória da cicatrização e demonstra, ao longo do tempo, potencial aumento da contração da área da ferida.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ALTAN, A. The effect of Hypericum perforatum on wound healing mucosa in diabetic rats. European Oral Research, v. 52, n. 3, p. 142-9. 2018.
ARAÚJO, M. A. et al. Uso de plantas medicinais para o tratamento de feridas. Revista Interdisciplinar, v. 8, n. 2, p. 60-67, abr./maio/jun., 2015.
ARRUDA, W.; OLIVEIRA, G. M. C.; SILVA, I. G. Toxicidade de extrato etanólico de Magonia pubescens sobre larvas de Aedes aegypti. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, n. 1, p. 17-25, jan- fev., 2003.
BALBINO, C. A.; PEREIRA, L. M.; CURI, R. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. Revista brasileira de ciências farmacêuticas, v. 41, n. 1, p. 27-51, 2005.
BEGASHAW, B. et al. Methanol leaves extract Hibiscus micranthus Linn exhibited antibacterial and wound healing activity. BMC Complementary and Alternative Medicine, v. 17, n. 337, 2017.
BYNG, J. W. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1–20, 2016.
FERNANDES, F. F.; D’ALESSANDRO, W. B.; FREITAS, E. P. S. Toxicity of extract of Magonia pubescens (Sapindales: Sapindaceae) St. Hil to control the brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus (Latreille) (Acari: Ixodidae). Neotropical Entomology, v. 37, n. 2, p. 205-208, 2008.
GARROS, I. C. et al. Extrato de Passiflora edulis na cicatrização de feridas cutâneas abertas em ratos: estudo morfológico e histológico. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 21, p. 55-65, 2006.
HASHEMIPOUR, M. A. et al. Evalutation of the effects of three plant species (Myrtus communis L., Camellia sinensis L., Zataria multiflora Boiss) on the healing process of intraoral úlcera in rats. J. Dent. Shiraz. Univ. Med. Sci., v. 18, n. 2, p. 127-135, 2017.
KOSGER, H. H. Wound healing effects of Arnebia densiflora root extracts on rat palatal mucosa. European Journal of Dentistry, v. 3, abril, 2009.
LIMA, P. et al. Plantas medicinais no processo de cicatrização de feridas: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 16, n. 3, p. 628-636, 2014.
MORI, S.A. Eastern, extra-Amazonian Brazil. In Floristic inventory of tropical countries: the status of plant systematics, collections, and vegetation, plus recommendations for the future (D.G. Campbell & H.D. Hammond, eds.). The New York Botanical Garden, Bronx, p. 427-454, 1989.
OLIVEIRA, D. M.; ROYO, V. A.; MERCADANTE-SIMÕES, M. O. Fitoquímica da casca do caule de Magonia pubescens (Sapindaceae) ocorrente em Montes Claros – MG. In: Congresso Nacional de Botânica, nº 64, Belo Horizonte. Disponível em: https://dtihost.sfo2.digitaloceanspaces.com/sbotanicab/64CNBot/resumo-ins18105-id6163.pdf.Acesso em: 13/01/2021.
OLIVEIRA, F. C. S.; BARROS, R. F. M.; MOITA NETO, J. M. Plantas medicinais utilizadas em comunidades rurais de Oeiras, semiárido piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 3, p. 282-301, 2010.
OLIVEIRA, R. C.; MACHADO, A. C. Medicamentos fitoterápicos em odontologia: evidências e perspectivas sobre o uso da aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Allemão). Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 16, n. 2, p. 283-289, 2014.
PESSOA, W. S. et al. Fibrogenesis and epithelial coating of skin wounds in rats treated with angico extract (Anadenanthera colubrina var. cebil). Acta Cir. Bras., São Paulo, v. 30, n. 5, p. 353-358, May 2015.
PIRIZ, M. A. et al. Plantas medicinais no processo de cicatrização de feridas: uma revisão de literatura. Rev. Bras. Pl. Med, v. 16, n. 3, p. 628-636, 2014.
RAMALHO, M. P. et al. Plantas medicinais no processo de cicatrização de feridas: revisão de literatura. Rev. Expr. Catól. Saúde; v. 3, n. 2; Jul – Dez; 2018.
SARANDY, M. M. et al. Effect of Topical administration of fractions and isolated molecules from plant extracts on skin wound healing: a systematic review of murine experimental models. Mediators of Inflammation, v. 2016, 2016.
SEATON, M.; HOCKING, A.; GIBRAN, N. S. Porcine models of cutaneous wound healing. ILAR Journal, v. 56, n. 1, p. 127-138, 2015.
SILVA, H. H. G. et al. Atividade larvicida de taninos isolados de Magonia pubescens St. Hil. (Sapindaceae) sobre Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 5, p. 396-399, 2004.
SMITH, P. C. et al. Gingival wound healing: an essential response disturbed by aging? Critical Reviews in Oral Biology & Medicine, v. 94, n. 3, p. 395-402, 2015.
SOUZA, C. D.; FELFILI, J. M. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraíso de Goiás, GO, Brasil. Acta Bot. Bras. São Paulo, v. 20, n.1, jan./mar., 2006.
SOUZA NETO JUNIOR, J. C. et al. Mast cell concentration and skin wound contraction in rats treated with Ximenia americana L. Acta Cir Bras., v. 32, n. 2, p. 148-156, 2017.
STEVENS, P. F. (2001). Angiosperm Phylogeny Website. Version 14, July 2017. Disponível em: http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/.
VARGAS, N. R. C. et al. Plantas medicinais utilizadas na cicatrização de feridas por agricultores da região sul do RS. Journal of Research: Fundamental Care Online, v. 6, n. 2, abr./jun. 2014.
VIEIRA, A. Hidrogéis superabsorventes de biomassa do cerrado: síntese e caracterização. Dissertação (Mestrado em Tecnologias Química e Biológica) - Instituto de Química, Universidade de Brasília. Brasília, p. 98. 2015.
ZIELINS, E. R. et al. Wound healing: an update. Regenerative Medicine, v. 9, n. 6, p. 817-830, 2014.
DOI: https://doi.org/10.26694/jibi.v6i2.12440
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
ISSN: 2448-0002
Qualis CAPES - QUADRIÊNIO 2013-2016
Área de avaliação (Qualis Capes) | Classificação |
Interdisciplinar | B4 |
Medicina Veterinária | B4 |
Odontologia | B4 |
Indexado em:
Apoio