Teoria da Governança Econômica dos Bens Públicos: uma Técnica Possível para Gestão Ambiental
Resumo
Todo bem comum deverá ser gerido por meio de uma governança corporativa, em que as decisões e negociações tenham a participação de diversos atores nas mais variadas dimensões. A gestão de bens comuns como os recursos naturais baseia-se num arranjo institucional que, geralmente, é composto de vários elementos como: assembleias, negociações, decisões, acordos, monitoramentos, sanções e instâncias de fácil acesso para a resolução de conflitos. Há pensadores, por exemplo, que consideram confiar a gestão do meio ambiente à comunidade envolvendo a população interessada ao invés de deixá-la sob os auspícios de órgãos governamentais. Porém, isto requer um compromisso ético e exige consciência dos que nela atuam. Diante disso, apresentamos uma reflexão teórica sobre o uso desse bem comum, perpassando pelos bens comuns ambientais. A metodologia assentou-se numa perspectiva qualitativa e os procedimentos metodológicos envolveram pesquisas em fontes secundárias (amostragem da literatura publicada), avaliando os resultados produzidos nos trabalhos de diversos autores. O estudo demonstra a construção do conceito de políticas e os tipos de gestão pública no Brasil, a teoria dos Common Pool Resources – CPRS, da Teoria da Ação Coletiva e de Governança. Muitas pesquisas demonstraram que grupos de usuários de recursos comuns têm alcançado sucesso em criar arranjos institucionais e sistemas de manejo que permitem, ao longo do tempo, garantir o uso sustentável e equitativo de recursos comuns tais como florestas, oceanos, rios e lagos, pastagens, entre outros. Ao mesmo tempo, alguns grupos e comunidades não conseguiram evitar a degradação da base de recursos naturais que manejavam coletivamente.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
AGUIAR, Afonso Gomes. Lei de Responsabilidade Fiscal: questões práticas. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Reforma do Estado Para a Cidadania: A Reforma Gerencial Brasileira na Perspectiva Internacional. Brasília: ENAP, 1998.
BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Instituições, Bom Estado, e Reforma da Gestão Pública. Material Apostilado, 17 p. In: BIDERMAN, Ciro; ARVATE, Paulo (orgs.). Economia do Setor Público no Brasil. São Paulo: Campus Elsevier, 2004
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Democracia , Estado Social e Reforma Gerencial. Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 1, p. 112–116, 2010. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
CHRISTMANN, Luiza Landerdahl; VIEIRA, Ricardo Stanziola. Gestão de Bens Comuns: Tragédia dos Comuns ou Tragédia dos Comunitários? Reflexões em Torno da Gestão de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. In: CAMPELLO, Livia Gaiher Bosio; PADILHA, Norma Sueli; ANTUNES, Paulo Bessa (Org.). Direito Ambiental I. Florianópolis. Compendi, 2014.
CUNHA, Luis Henrique. Raízes ECOLOGY : ANALYTICAL PERSPECTIVES TO COMMUNITY – BASED. Raízes, v. 23, n. 1–2, p. 10–26, 2005. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2019.
FISHER, André Luiz. O Conceito de Modelo de Gestão de Pessoas – Modismo e Realidade em Gestão de Recursos Humanos nas Empresas Brasileiras. In: DUTRA, J. S. (Org.) Gestão por Competências. São Paulo: Gente. 2001.
GIROTTO, Maristela. Contabilidade e Governança Coorporativa. Revista Brasileira de Contabilidade, v. 182, p. 11–19, 2010.
HARDIN, Garrett. The Tragedy of the Commons. Science, v. 162, n. 3859, p. 1243–1248, 13 dez. 1968. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
HOOD, CHRISTOPHER. A PUBLIC MANAGEMENT FOR ALL SEASONS? Public Administration, v. 69, n. 1, p. 3–19, mar. 1991. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2019.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. 5o ed. São Paulo: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 2015.
KICKERT, Walter J.M. Public Governance in the Netherlands: An Alternative to Anglo-American “Managerialism”. Public Administration, v. 75, n. 4, p. 731–752, jan. 1997. Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2020.
KISSLER, Leo; HEIDEMANN, Francisco G. Governança pública: novo modelo regulatório para as relações entre Estado, mercado e sociedade? Revista de Administração Pública, v. 40, n. 3, p. 479–499, 2006. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2020.
LINDOSO, Lílian De C; PARENTE, Temis Gomes. Termo de Compromisso e Participação Social : Possibilidades para a Inovação Institucional na Conservação da Biodiversidade. Biodiversidade Brasileira, v. 4, n. 1, p. 111–129, 2013. Disponível em: . Acesso em: 8 dez. 2019.
LODI, João Bosco. Governança corporativa: o governo da empresa e o conselho de administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
MATIAS, Alberto Borges. Finanças Corporativas de Longo Prazo – Vol. 2: Criação de valor com sustentabilidade financeira. São Paulo: Atlas, 2007.
MATIAS-PEREIRA, José. A GOVERNANÇA CORPORATIVA APLICADA NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO. Administração Pública e Gestão Social, v. 2, n. 1, p. 109–134, 2010. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
MAZZUCATO, Mariana. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público x setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.
MELLO, Gilmar Ribeiro de. Governança Corporativa no Setor Público Federal Brasileiro. Dissertação ( Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
MELO, Paulo Thiago Nunes Bezerra De; REGIS, Helder Pontes; BELLEN, Hans Michael Van. Princípios epistemológicos da teoria do capital social na área da administração. Cadernos EBAPE.BR, v. 13, n. 1, p. 136–164, mar. 2015. Disponível em: . Acesso em: 7 fev. 2020.
MENEZES, Ronald Amaral; AMARAL, Mirian Maia Do. Educação corporativa mediando racionalidades e flexibilizando organizações. Boletin Técnico Senac, v. 36, n. 1, p. 39–49, 2010. Disponível em: . Acesso em: 4 nov. 2019.
O’BRIEN, Thomas. Reconsidering the Common Good in a Business Context. Journal of Business Ethics, v. 85, n. S1, p. 25–37, 17 fev. 2009. Disponível em: . Acesso em: 8 dez. 2019.
OSTROM, Elinor. Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. I ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
OSTROM, Elinor. Policy Analysis in the Future of Good Societies. The Good Society, v. 11, n. 1, p. 42–48, 2002. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
OSTROM, Elinor. Frameworks and theories of environmental change. Global Environmental Change, v. 18, n. 2, p. 249–252, maio 2008. Disponível em: . Acesso em: 8 dez. 2019.
OSTROM, Elinor. El gobierno de los bienes comunes: La evolución de las instituciones de acción colectiva. 2. ed. Fondo de Cultura Económica, UNAM, IIS. 2011
OSTROM, Vicent.; OSTROM, Elinor . Public Choice: A Different Approach to the Study of Public Administration. Public Administration Review, v. 31, n. 2, p. 203-216, 1971.
OSTROM, Elinor. Collective Action and the Evolution of Social Norms. Journal of Economic Perspectives, v. 14, n. 3, p. 137–158, ago. 2000. Disponível em: . Acesso em: 4 jul. 2019.
OSTROM, Elinor; WALKER, James; GARDNER, Roy. Covenants with and without a Sword: Self-Governance Is Possible. American Political Science Review, v. 86, n. 2, p. 404–417, 2 jun. 1992. Disponível em: . Acesso em: 7 out. 2019.
PEREIRA, Márcio de Araújo. Gestão de recursos comuns entorno de áreas protegidas: ação coletiva e desenvolvimento rural no sistema sócio-ecológico (SES) do Parque Nacional da Serra da Bodoquena – MS. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
PERES, Ursula Dias. Custos de transação e estrutura de governança no setor publico. Revista Brasileira de Gestao de Negocios, v. 9, n. 24, p. 15–30, 2007. Disponível em: . Acesso em: 15 abr. 2020.
POTEETE, Amy R.; OSTROM, Elinor.; JANSSEN, Marco. A. Trabalho em parceria: ação coletiva, bens comuns e múltiplos métodos. São Paulo: Editora Senac, 2011.
RABELO, Flavio; SILVEIRA, Jm. Estruturas de governança e governança corporativa: avançando na direção da integração entre as dimensões competitivas e financeiras. Textos para discussão, v. jul., n. 77, p. 2–24, 1999. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
ROSEN, George. Da polícia médica à medicina social: ensaios sobre a história da assistência médica. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
ROSENAU, James. N. “Governanca, Ordem e Transformação na Política Mundial”. In: ROSENAU, James N.; CZEMPIEL, Ernestto O. Governança sem governo: ordem e transformação na política mundial. Brasília: Ed. Unb e São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
SANTANA, Vladimir. F. de; FONTES FILHO, Joaquim Rubens. Elementos de Gestão Local: a Perspectiva de Elinor Ostrom Aplicada ao Parque Estadual da Ilha do Cardoso. In: Encontro de administração pública e governança – ENAPC. Anais. Vitória: ANPAD, 2010.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.
SANTOS, Teresa Mônica Costa. Análise da Reação dos Colaboradores ao Processo de Mudança Organizacional - Lean Thinking: Um Estudo de Caso na Empresa Beta. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) - Faculdades Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2010.
SCHMITZ, Heribert; MARIA, Dalva; FRANCISCO, Josué. no extrativismo da mangaba no nordeste do Brasil *. Ambiente & Sociedade, v. 12, n. 2, p. 273–292, 2009. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
SOUZA, Marcela Tavares De; SILVA, Michelly Dias Da; CARVALHO, Rachel De. Integrative review: what is it? How to do it? Einstein (São Paulo), v. 8, n. 1, p. 102–106, mar. 2010. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2019.
VARELA, José Antônio; ANTÓNIO, Nelson Santos. O Bem Comum e a Teoria dos Stakeholders. Business Research Unit, Working Paper - Série 2, n. 12– 07, p. 1–15, 2012. Disponível em: . Acesso em: 28 out. 2019.
VASCONCELOS, Raphael Carvalho De. Teoria Geral do Estado Aplicada à Unidade Sistêmica do Direito Internacional. (Tese de Doutorado). Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo. 2014. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2019.
DOI: https://doi.org/10.26694/rcp.issn.2317-3254.v9e2.2020.p%25p
Apontamentos
- Não há apontamentos.
ISSN 2317-3254