Reflexões sobre a Geopolítca Russa: o Governo Vladimir Putin de 2012 a 2015 sob a perspectiva das ações políticas e militares

REFLEXÕES SOBRE A GEOPOLÍTICA RUSSA: O GOVERNO VLADIMIR PUTIN DE 2012 A 2015 SOB A PERSPECTIVA DAS AÇÕES POLÍTICAS E MILITARES

REFLECTIONS ABOUT RUSSIAN GEOPOLITICS: THE VLADIMIR PUTIN GOVERNMENT FROM 2012 TO 2015 IN VIEW OF THE POLITICAL AND MILITARY ACTIONS

Felipe Rodrigues de Camargo*

Paulo Roberto Teixeira de Godoy**




1 Introdução

Como primeira instância de análise, apontamos a centralidade objetiva da estratégia de Vladimir Putin para a Rússia. Segundo Camargo (2018), Putin tinha por foco dois projetos para a Rússia: consolidação do espaço da Heartland como condição de espaço vital do Estado; e o fortalecimento da Multipolaridade da Ordem Internacional. Sendo sua maior incidência política referida à ordem das relações entre países que vislumbravam tais objetivos.

De modo geral, a Rússia efetivou em controlar essa região da Heartland por vias políticas, econômicas e promovendo a segurança regional. Esses países, de fato, são independentes, mas a Rússia tem grande capacidade coercitiva em caso de divergências de interesses e ações. Dentro dessa dimensão política, a Multipolaridade se apresentou por meio da cooperação com outros países na forma de limitar a influência dos Estados Unidos, único meio lógico de se opor ao status quo da Ordem Mundial vigente. A Rússia teve por grandes parceiros a Venezuela, Líbia, Síria, Brasil e Irã, além do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como organização cooperativa entre Estados. (CAMARGO, 2018, p. 179).

Lemonte (2013) e Meshcheryakov (2014) argumentam que a Rússia de fato promoveu uma política externa que visava à consolidação de uma hegemonia local na Eurásia, fazendo usos indiretos de meios coercitivos mediante a cooptação de grupos de cooperação. De acordo com Meshcheryakov (2014, p. 1749),

A política externa russa na Ásia Central tem uma série de pontos fortes e inconvenientes. Entre as principais realizações da diplomacia russa, devemos notar que Moscou conseguiu construir um sistema bastante eficaz para a cooperação com a Ásia Central. Legalmente, quatro das cinco nações destaque (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão) são aliados da Rússia, o Turquemenistão se apresente como um parceiro estratégico. Além disso, nenhuma dessas repúblicas são membros de organizações internacionais que contrariam a influência russa (OTAN etc.).

Aleksandr Dugin, um teórico geopolítico e assessor direto de Vladimir Putin, apresentou, em um de seus livros, a perspectiva da Multipolaridade que a Rússia deveria promover na Ordem Internacional.

Um terceiro exemplo pode ser encontrado no projeto Eurasianista (também conhecido como da multipolaridade, Grandes Espaços ou Grandes Poderes), propondo um modelo alternativo a ordem mundial baseando-se no paradigma das civilizações e das Grandes Potências. (DUGIN, 2012, p. 94).

Apesar de Dugin apelar para uma questão cultural/territorial, houve uma exemplificação da relação entre o espaço Eurasiano (Heartland) e a Multipolaridade, isto é, um discurso geoideológico que fomentava e fortalecia suas pretensões territoriais e legitimava as dos seus principais parceiros na oposição à hegemonia dos Estados Unidos. Portanto as duas intencionalidades de Putin eram intrinsecamente interdependentes.

A análise das ações políticas e militares de Putin no período entre 2012 a 2015, período de forte atitude geopolítica russa, visa, desse modo, à compreensão da relação entre teoria e prática em geopolítica. Para tanto, fizemos uso de artigos de periódicos jornalísticos como fonte de investigação de tais ações.

Como substrato teórico foram utilizados os artigos do Le Monde Diplomatique Brasil e da edição digital do El País Espanha. O primeiro apresenta características acadêmicas, oferecendo profundas reflexões sobre os temas abordados, e o segundo se caracteriza como uma mídia de massa, apresentando-se, segundo seus próprios dizeres, como sendo uma mídia independente, comprometida com a liberdade e o pluralismo. Nesse sentido, o jornal é definido como "[...] independente e de qualidade, com vocação ibero-americana e defensor da democracia pluralista. Nasceu como um jornal de vanguarda, progredindo em seu sentido literal e não político" (EL PAÍS, 2018).

Essas duas mídias são importantes em seus segmentos, sendo a disparidade de público o fator que proporciona uma rica bibliografia, trazendo à luz vários aspectos das ações de Vladimir Putin na Rússia.

Para análise do material empírico destacado, optou-se pelo procedimento de pesquisa referido por Bardin (2011, p. 47), como a Análise do Conteúdo, que é

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Segundo a autora, a Análise do Conteúdo é um procedimento que busca realizar a captura de informações objetivadas, ou seja, absorver o essencial para a pesquisa dentre um conjunto amostral de dados.

2 Governo Vladimir Putin do ano 2012 a 2015

O ano de 2012 foi o da eleição para o terceiro mandato de Putin à Presidência. Contudo, durante esse período de eleição, o que se pode perceber diz respeito à estratégia de mudança governamental, via movimentações sociais, denominada pela imprensa ocidental como Revoluções Coloridas. No caso ucraniano foi a chamada Revolução Laranja, financiada por intermédio de Organizações Não Governamentais (MONIZ BANDEIRA, 2018).

As ONGs – tais como Freedom House, Americam Enterprise Institute (AEI), National Democratic Institute (NDI) e muitas outras, financiadas pela USAID, NED, CIA e agências dos Estados Unidos e da União Europeia e/ou grupos privados, seguiram encorajar as denominadas revoluções coloridas nos países do Cáucaso. A Revolução Laranja, na Ucrânia, visou anular a eleição de Viktor Yanukovych, governador da província de Donetsk (1997-2002) e levar ao poder seu adversário, o líder da oposição Viktor A. Yushchenko, que era pró-Ocidente, [...]. (MONIZ BANDEIRA, 2018, p. 266).

A tentativa de ingerência nas eleições russas se agravou após Putin declarar que concorreria (FERNÁNDEZ, 2011) novamente nas eleições, levando à deflagração de várias movimentações populares contrárias que começaram a surgir nas principais cidades (BONET, 2011c), com destaque para os grupos neonazistas, igualmente aos que acometeram a Ucrânia (BONET, 2011a; BONET, 2011b; MONIZ BANDEIRA, 2018).

Medvedev realizou um discurso sobre esses movimentos populares, que foi transcrito por Fernández (2011, tradução nossa) em um artigo do El País:

No início de seu discurso, Medvedev se referiu às recentes eleições parlamentares no início de dezembro, que receberam fortes críticas internacionais pelas irregularidades detectadas pelos observadores. Os Estados Unidos duvidaram publicamente da legitimidade do resultado. Medvedev, como já fez Putin na época, advertiu que não permitirá "interferência do exterior".

"O direito das pessoas de expressarem sua opinião com métodos legais é garantido, mas tentativas de manipular os cidadãos da Rússia, enganá-los, acabar com a discórdia social são inadmissíveis, não permitiremos que provocadores e extremistas arrastem a sociedade para dentro de suas aventuras, nem vamos permitir a interferência estrangeira em nossos assuntos internos", disse o presidente.

Medvedev faz claro destaque à tentativa de manipulação ocidental aos cidadãos russos como meio de aplicar um Regime Change1 na Rússia. Essa tentativa de reorientar a opinião pública resultou em agitação social com forte presença de grupos extremistas, impactando as eleições legislativas e presidenciais.

As movimentações populares contra Putin e seu partido ocorreram tanto nas eleições parlamentares de 2011, quanto nas eleições presidenciais de 2012. Os países ocidentais abertamente alegaram que esses pleitos foram fraudulentos. Todavia a população russa foi majoritariamente a favor de Putin no governo (CAÑO, 2011; BONET, 2011a; BONET, 2011b; CLAUDÍN; PEDRO, 2011; FERNÁNDEZ, 2011).

Uma revolução colorida à moda russa não vai acontecer. Os encontros para manifestações, em 5 e 10 de março, convocados por grupos que contestavam o resultado da eleição presidencial, não atraíram as multidões esperadas, e seus organizadores reconheceram a necessidade de alterar o modo de expressar seu descontentamento. No entanto, o poder procederia erradamente ao agir como se tudo estivesse novamente em ordem. Após um período de mobilizações sem precedentes iniciado em dezembro de 2011 por ocasião das eleições legislativas, a sociedade russa se mostra mais dividida do que nunca.

Além das fraudes constatadas, a reeleição de Vladimir Putin não é uma surpresa. Primeiro, porque, para grande parte do eleitorado, ela continua sendo a única garantia de estabilidade no país, traumatizado pela sucessão de crises políticas e econômicas enfrentadas desde 1991. Mesmo nas grandes manifestações que se seguiram às contestadas eleições para a Duma, a maioria não queria uma ruptura política completa. O partido no poder soube jogar eficazmente com esse estado de espírito, prometendo continuidade. Além disso, as leis eleitorais colocadas em prática desde 2000 impediram a oposição de apresentar candidatos plausíveis. (RADVANYI, 2012).

Radvanyi (2012) relatou o suporte popular ao modelo político de Putin, além de confirmar uma estruturação política e administrativa para manutenção de sua presença no governo. O desenvolvimento político e econômico promovido por Vladimir Putin assegurou uma relativa estabilidade que fez com que a população russa passasse a apoiá-lo, independentemente das fomentações do Regime Change. (BONET, 2002a; BONET, 2005a; BONET, 2007c; BONET, 2014c).

A popularidade do presidente russo Vladimir Putin chegou a 88%, seu nível mais alto desde que se tornou presidente pela primeira vez há mais de 15 anos, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira que confirma a força de sua imagem.

A pesquisa, preparada pelo Centro de Pesquisas de Opinião Pública, reafirma a tendência crescente de que a popularidade de Putin vem se registrando desde o início da crise política na Ucrânia, há mais de um ano. Especificamente, 88% dos russos apoiam seu presidente, de acordo com a pesquisa, extraídos de 1.600 entrevistas em 130 locais e coletadas pela agência de notícias Itar-Tass. (PUTIN..., 2015, tradução nossa).

No decorrer de seus mandatos, houve bloqueios jurídicos aos seus opositores de modo a impedi-los a concorrer nas eleições. Dessa maneira, Putin conseguiu transpor o problema das ingerências nas eleições russas por meio de sua própria popularidade advinda de sua atuação em defesa da unidade territorial russa e de seu povo, levando-nos a correlacionar como uma postura política voltada essencialmente à Kultur russa (ELÍAS, 1994).

Nessa mesma postura de promover o bloqueio jurídico das forças opositoras, Putin tomou medidas contra a estratégia de regime change aplicada pelos Estados Unidos (as tentativas de ingerência nas suas eleições) na Rússia, como forma de evitar futuras tentativas de fragilização de seu governo.

Percebendo, entretanto, que os efetivos atores das ingerências eram as Organizações Não Governamentais (ONG) que recebiam financiamentos advindos de Washington, o governo russo tomou providências para regulamentar essas instituições, classificando-as como "agentes estrangeiros" e subsequentemente facilitando seu monitoramento (BONET, 2012a; BONET, 2012b).

Em alguns casos, foram realizadas sérias investigações, culminando com expulsões dessas entidades da Rússia, como no caso da "Agência de Desenvolvimento Internacional", de origem estadunidense (BLANCO, 2015; FERNÁNDEZ, 2015a). No tocante às ingerências ocidentais no entorno estratégico russo, o caso ucraniano tornou-se emblemático, pois Putin, em 2005, havia neutralizado a estratégia de contenção estadunidense em cooptar a Ucrânia para sua esfera de influência direta, pela Revolução Laranja. Apesar disso a última eleição da Ucrânia com a eleição do presidente Viktor Yanukovych, de tendências pró-russas, realinhou os dois países.

Um de seus primeiros atos foi o cancelamento das negociações de Kiev com o acordo de livre comércio com a União Europeia. Esse fato fez com que elevasse as tensões internas ucranianas com a população pró-europeia, financiadas pelos Estados Unidos, que iniciaram uma grande revolta na praça Maidan. Grupos neonazistas participaram de forma extremamente agressiva nas manifestações. Esses grupos forçaram a renúncia de Yanukovych e a proclamação de novas eleições, em que Petro Poroshenko (pró-ocidente) saiu vencedor como presidente. (BONET, 2013; DECENAS..., 2013; FARIZA, 2014b; VICÉNS, 2014; DREYFRUS, 2014; MONIZ BANDEIRA, 2018).

As extremas direitas ganham terreno na Europa, ainda que muitas delas procurem adotar novos hábitos. Obviamente, tais movimentos desempenham seu papel na Ucrânia. O Svoboda e o Praviy Sektor esperam ganhar com a revolta popular contra o sistema corrupto do ex-presidente Viktor Yanukovich, deposto no dia 22 de fevereiro (DREYFRUS, 2014).

Putin relatou para Oliver Stone (2017), em uma entrevista, a preocupante guinada pró-ocidental da Ucrânia. Dessa forma

Os mercados da Rússia estavam totalmente abertos às importações da Ucrânia. Tínhamos, e ainda temos, barreira tarifária igual a zero. Temos um sistema de energia e um sistema de transporte únicos. Há diversos outros elementos que unem nossas economias. Durante 17 anos, negociamos com a União Europeia condições de acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC), e, de repente, foi anunciado para nós que a Ucrânia e a União Europeia estavam firmando um acordo de associação. Isso significa a abertura do mercado ucraniano. Significava que os padrões técnicos, a regulação do comércio e outros elementos da política econômica da União Europeia deviam ser implantados na Ucrânia, e isso estava acontecendo muito rápido, sem um período de transição. Ao mesmo tempo, nossa fronteira aduaneira com a Ucrânia se achava totalmente aberta. A União Europeia podia ingressar em nosso território com todos os seus produtos sem nenhuma negociação, apesar dos acordos – acordos de princípios – que tínhamos alcançado com ela antes, no correr daquelas conversações de 17 anos a respeito de nosso acesso à OMC (STONE, 2017, p. 90).

Nas palavras de Putin, observa-se claramente como o líder russo procurou denotar forte interligação econômica e social entre a Rússia e a Ucrânia. De fato, até 1991 a Ucrânia nunca se apresentou como um país independente. Em toda sua história esteve, de alguma forma, vinculada à Rússia, sendo o território ucraniano efetivamente o berço da civilização russa (MONIZ BANDEIRA, 2018).

Outro elemento que Putin se referiu foi quanto ao impacto na economia russa, por meio da entrada das mercadorias ocidentais via Ucrânia. Ou seja, o ocidente teria fáceis condições de desestabilizar a Rússia internamente, pois as fronteiras estavam abertas ao fluxo de bens, serviços e pessoas.

A reação de Putin contra a Ucrânia foi apoiar as regiões de maioria populacional russa dentro da Ucrânia (Figura 1). Essa ação resultou na anexação da península da Crimeia, ocorrendo em 20 dias. Cronologicamente, foi no dia 27 de fevereiro de 2014 que o parlamento da Crimeia votou por um referendo sobre a independência e subsequente concordância à anexação pela Rússia. Em 18 de março, o parlamento russo (Duma) aprovou o protocolo de anexação (FERNÁNDEZ, 2014a).

Figura 1 – Divisão Etnolinguística da Ucrânia
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Fonte: MAPA... (2020).

O principal fator que proporcionou a anexação da Crimeia foi a característica da população local, maioria étnica russa. As regiões de Lugansk e Donetsk (regiões destacadas em amarelo com faixas em bege na Figura 1) também apresentam significativa população russófila e russófona. Essa foi a base da reivindicação ao mesmo direito da Crimeia em poder declarar-se independente e, posteriormente, estabelecer a associação ao Estado russo (FERNÁNDEZ, 2014b).

Primeiramente, a Rússia apoiou a iniciativa das regiões de Lugansk e Donetsk, no entanto essa escalada de acontecimentos levou a um confronto militar entre as milícias pró-Rússia e as forças militares ucranianas. A primeira financiada pela Rússia e a segunda pela Ucrânia e países ocidentais (SÁNCHEZ-VALLEJO, 2014; BONET, 2014a; SUTYAGIN, 2015).

Há evidências de tropas russas presentes no leste da Ucrânia – não apenas em um papel de comando e para operar equipamentos avançados, mas também como combatentes. As forças destacadas para a Ucrânia, perto da fronteira da Criméia, representam uma ameaça séria e direta à Ucrânia. Isso se deve ao número dessas forças russas, que quase iguala a de todas as forças de combate disponíveis por Kiev. Além disso, as forças rebeldes, mais ou menos sob o controle russo, representam metade do total das tropas russas. Assim, Kiev não pode gerar ou contar com superioridade numérica (SUTYAGIN, 2015, p. 9, tradução nossa).2

As pretensões de Putin não eram agravar mais a situação com a Ucrânia. Dessa maneira apoiava a iniciativa dos rebeldes, mas não os incentivou a seguir o caminho separatista da Crimeia (BONET, 2014b). Putin idealizava construir um federalismo na Ucrânia que possibilitasse maiores liberdades políticas para essas regiões, tornando mais flexível sua capacidade de influência interna nesse território. A despeito disso, seu controle sobre os rebeldes era escasso, não podendo interromper os desenlaces do conflito, que se agravaram a uma configuração de guerra civil na Ucrânia.

Diferentemente das regiões de Lugansk e Donetsk, que se utilizaram do confronto armado como meio de alcançarem seus objetivos políticos, o caso da Crimeia teve uma maior participação burocrática do que as ações militares. Putin, com efeito, fez uso da prerrogativa da independência do Kosovo, Resolução nº 1.244 da Corte Internacional de Justiça de 17 de fevereiro de 1999. Ou seja, a base legal e jurídica da autodeterminação dos povos. Desse modo, pode efetivar a incorporação da Crimeia em seu território, retoricamente colocando-a como uma iniciativa advinda da própria população local.

Há, contudo, complexos fatores estratégicos na integração da Crimeia ao território russo. Obviamente existem tanto a base de consolidação da Heartland quanto o estabelecimento do efetivo controle da Kultur russa. Não obstante há, também, uma geoestratégia envolvida, a consolidação do acesso ao Mar Negro e das reservas de hidrocarbonetos na região do próprio Mar Negro e na do Mar de Azov (CHAGAS, 2014; MATLACK, 2014; MONIZ BANDEIRA, 2018).

[...] E era a partir do Mar Negro que a frota estacionada em Sevastopol podia, através do Mediterrâneo, chegar ao Atlântico e ao Oceano Índico. A presença da Frota Russa no Mar Negro – entedia o presidente Putin – constituía fator chave para a segurança regional. A Rússia temia o enclausuramento pelo Ocidente, a ameaça à sua fronteira sudeste. Desde os tempos mais remotos, a região esteve em sua esfera de influência e constituía o eixo de sua segurança nacional. Não podia, portanto, perder a estratégica posição na Crimeia. Era através dos portos dessa península – Sevastopol, Varna, Sohum, Trabzon, Konstanz, Poti e Batumi – que transitavam o óleo e o gás natural, oriundo do Cáucaso, e a frota do Mar Negro controlava as comunicações com o Mar Mediterrâneo, através dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, de importantes zonas energéticas que abasteciam os mercados do Ocidente. Os corredores de energia expandiram assim a dimensão geopolítica do Mar Negro e de todo o seu entorno. (MONIZ BANDEIRA, 2018, p. 306-307).

O acesso russo a portos de águas quentes, ou seja, que no inverno não congelam, efetivamente favoreceu a operacionalidade de suas forças armadas (marinha) em qualquer período do ano, ampliando a sua capacidade de estender seu poder e controle geopolítico com maiores facilidades. Os próprios corredores energéticos da região da Crimeia estão relacionados à estratégia russa de controle energético sobre a Europa.

Na extensão desse constante conflito com a União Europeia e os Estados Unidos, houve a intensificação de sanções contra a Rússia e imposição do envio de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte para o Leste europeu (FARIZA, 2014a; YÁRNOZ, 2014; AYUSO, 2014), como estratégias de contenção territorial da Rússia em relação ao seu espaço vital (SPYKMAN, 2017).

A estratégia ocidental em atacar a Rússia com sanções econômicas, bloqueio de bens e restrição à movimentação de "pessoas-chave" – ligadas ao governo de Putin – foi efetiva para arrefecer a economia russa. A "coincidência" na diminuição dos preços do petróleo impactou mais severamente ainda, promovendo a incapacidade de investimentos e de arrecadação do governo. Além de solaparem, em conjunto, os aliados também são dependentes dos hidrocarbonetos (Venezuela, Síria e Irã). Em âmbito geral, pode-se afirmar que houve fortes impactos estruturais à economia russa (BONET, 2014d; RIMBERT, 2015; MONIZ BANDEIRA, 2018).

A pressão econômica instaurada sobre a Rússia fez com que abrisse a possibilidade para os seus parceiros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) como forma de intensificar a ruptura do sistema econômico mundial imposto pelos Estados Unidos (GONZÁLES, 2014) e conduzir para uma possível ação da Multipolaridade em frente da imposição unipolar de Washington.

A Multipolaridade, como anteriormente referido, é uma via antissistêmica geral ao globo. Dugin a incorporou dentro de sua Teoria, e essa foi a via com que a Rússia tomou como forma de remediar sua decrescente economia.

Outras atitudes tomadas pela Rússia para superar as sanções foram, por um lado, a consolidação da União Econômica Euroasiática, estabelecendo o espaço econômico comum na Eurásia, ou seja, nos países ex-soviéticos (FERNÁNDEZ, 2014c) e, por outro, a ampliação dos acordos com a América do Sul (ROSSI, 2014; ROSSI; REBOSSIO, 2014), bem como a parceria estratégica com a China, principal aliada na política e na economia (LIY, 2014; RUSIA..., 2015).

A consolidação do bloco de países da Eurásia por intermédio da União Econômica Euroasiática se correlacionou também como uma ampliação do controle russo sobre o território da Heartland, fortalecendo laços econômicos e políticos e moldando uma configuração de mercado semelhante à União Europeia, mas diferenciando-se pela potencialidade superior da Rússia diante se seus parceiros.

De fato, as sanções contra a Rússia apresentaram resultados significativos, entretanto Moscou não se intimidou e passou a reforçar o seu projeto Multipolar como via de amenizar as sanções econômicas e se posicionar, militarmente, no conflito civil sírio.

O conflito na Síria ganhou uma centralidade geopolítica para a Rússia nas referidas dimensões. Moscou tomou a frente da situação quando do agravamento do conflito civil naquele país aliado. O confronto bélico entre o governo e os "rebeldes" apoiados pelos Estados Unidos se deu pela descoberta de ricos recursos petrolíferos em sua costa (CHUSSUDOVSKY, 2012; MONIZ BANDEIRA, 2017).

Nesse sentido, a retirada de Bashar al-Assad do governo sírio (regime change) propiciaria a Washington obter mais facilmente os recursos energéticos da Síria, além de efetivar a implementação de oleodutos que escoassem o petróleo do Oriente Médio diretamente no Mediterrâneo, evitando o Estreito de Ormuz (MONIZ BANDEIRA, 2017).

Estrategicamente, a Rússia, além de atuar contra os interesses dos Estados Unidos, tem suas intenções estratégicas na Síria, baseada em seu poder telúrico do petróleo, via parceria pelas estatais do setor (RANGEL, 2013). Também possuía a estratégia de evitar um ressurgimento do terrorismo no Cáucaso, pois os grupos atuantes na Síria apresentavam fortes vínculos com os do Iraque e Chechênia (MARKEDÓNOV, 2015).

Inicialmente, a atuação da Rússia foi em conjunto com os BRIC3 (Brasil, Rússia, Índia, China), demonstrando empenho em promover a defesa perante as ingerências externas do ocidente desde o início dos conflitos internos na Síria, em 2011.

Os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) tinham clara consciência de que a Resolução, propondo o estabelecimento da no-fly zone sobre a Síria, era, mais uma vez, manobra de engodo para capciosamente possibilitar a intervenção militar da OTAN, sob o pretexto fraudulento de defender a população civil, defesa humanitária etc., quando o objetivo era a de regime change, como na Líbia. Os Estados Unidos e seus aliados, porém, não desistiram. Com o apoio da Liga Árabe, dominadas pelas autocracias sunitas do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico (CCG), os Estados Unidos, em 4 de fevereiro, intimidaram Bashar al-Assad a deixar o poder, e sofreram mais uma contundente derrota. A Rússia e a China vetaram-na. E a equação armada pelo Ocidente, com o apoio da Liga Árabe, falhou nesse cálculo. Os Estados Unidos e seus sócios da União Europeia não puderam usar falaciosamente a cobertura do CSNU e instrumentalizar a OTAN para destruir o regime de Bashar al-Assad. (MONIZ BANDEIRA, 2017, p. 387).

Moniz Bandeira (2017) deixa explícita a ação ocidental em intervir militarmente via OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), todavia a ação conjunta da Rússia e China dentro do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) impediu os ocidentais sobre o veto (MONGE, 2014; SANZ, 2015). A Rússia tomou a iniciativa em intervir militarmente no conflito quando a pressão dos "rebeldes" patrocinados por Washington somente se expandia. Isso culminou com a institucionalização do Estado Islâmico. Moniz Bandeira (2017, p. 446) relata a estagnação do conflito:

Com razão, o presidente Bashar al-Assad, em entrevista exclusiva à TV Russia Today (RT), disse que ocorreria na Síria um "new style of war", o "proxy terrorism" (terrorismo por procuração), e, embora suas tropas estivessem lutando uma guerra "dura e complicada", ela poderia parar dentro de poucas semanas se outros países deixassem de enviar armas aos rebeldes, dando todo o suporte político, inclusive dinheiro, em escala sem precedentes: Sem combatentes estrangeiros e contrabando de armamento, "we could finish everything in weeks". O apoio externo era o que mais sustentava o terrorismo na Síria. E a Turquia, mais do que qualquer outro país, era o que mais apoiava o ingresso de terroristas e o contrabando de armamento para a Síria.

A Rússia enviou assessores militares (FERNÁNDEZ, 2015b), mas efetivamente a atuação militar foi em 30 de setembro de 2015.

A aviação russa bombardeou, nesta quarta-feira, posições de grupos insurgentes inimigos do regime de Bashar al-Assad, depois que a câmara alta do parlamento russo deu seu consentimento pela manhã para o uso das forças armadas no país árabe. O Ministério da Defesa da Rússia informou que os ataques atingiram alvos do Estado Islâmico (IS). O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse que as primeiras indicações são de que os atentados "provavelmente" afetaram áreas sem a presença do EI. "Esse tipo de ação inflamaria a guerra civil", lamentou. (BONET, 2015a, tradução nossa).

Os ataques militares da Rússia partiram de suas próprias bases em território sírio, Lakaria e Tartus configuram-se como suporte aéreo em solo e bombardeios a alvos terrestres como armazéns de munição, fortificações e redutos dos "rebeldes" (BONET, 2015b). Também foram realizados bombardeios por mísseis através dos navios da Frota do Mar Cáspio, atravessando os espaços aéreos do Irã e do Iraque até atingirem seus objetivos (VICÉNS, 2015). Essa atitude em bombardear o território sírio por intermédio dos navios do Mar Cáspio apresentou-se como um demonstrativo da capacidade bélica dos russos frente aos Estados Unidos e Europa Ocidental.

A participação direta dos russos proporcionou uma aceleração nas vitórias militares do exército sírio, corroborando com a efetividade das ações russas em defesa de seus interesses e na ação de resoluções de problemas mundiais. Também demonstraram o nível de poder alcançado pela Rússia na configuração das relações internacionais. Como dito por Willian Roberto (2012, p. 70) sobre o papel russo na síria,

De qualquer forma, o papel russo na Síria configura-se como um indicativo da importância da Rússia no sentido de ela ser um importante pilar do multilateralismo que vai tomando forma neste contexto do século XXI, mostrando que Moscou deve ser levado em conta nos arranjos de segurança tanto no âmbito regional quanto no internacional. Observa-se então que a Rússia é decisiva para entender a polaridade do Sistema Internacional que está se construindo.

A Rússia materializou-se como um pilar do multilateralismo no conflito sírio, tomando para si as responsabilidades que condiziam com sua efetiva capacidade geopolítica, mas não sozinha. Sua retórica e busca de constantes diálogos com parceiros e países de destaque legitimaram seu valor nas Relações Internacionais. Essa conduta também é clara oposição à postura unitarista dos Estados Unidos.

Essa nova configuração russa no âmbito da divisão de poder mundial tem por base a expansão racional de sua força telúrica e das características de sua Kultur, configurando, em linhas regais, uma geopolítica pautada na consolidação de seu território, entendido como Heartland, e em uma nova via da divisão mundial dos poderes, a Multipolaridade.

3 Considerações finais

O Presidente Vladimir Putin apresentou em suas ações geopolíticas condutas que coadunam com as nossas premissas. Com a perda da capacidade de influência direta na Ucrânia, Putin promove a instabilidade interna e a anexação da República Autônoma da Crimeia, no caso, parte integrante do território ucraniano, como via de ainda ter vantagens efetivas no controle territorial, por intermédio da retórica da cultura, língua e a maioria de cidadania russa dessa região.

Como consequência, os países centrais, Estados Unidos e União Europeia, aplicaram sanções econômicas de forte impacto na Rússia, que veio como um catalisador para as relações com os países da Eurásia, com a China e os outros países do BRICS, Organização para Cooperação de Xangai e União Econômica Eurasiática. Indo, dessa forma, ao encontro das vias Multipolares e reforçando estruturalmente a oposição frente as instituições de controle ocidental.

Por fim, tem-se a participação direta no conflito da Síria. Essa ação pode ser observada por vários espectros: o primeiro é a estabilidade territorial russa. Muitos combatentes antigoverno sírio advieram dos grupos terroristas chechenos; segundo, o fortalecimento de parcerias significativas no Oriente Médio que são oposicionistas aos Estados Unidos e aliados; em terceiro, a apresentação mundial de sua capacidade bélica e política em uma situação de alta magnitude nas relações internacionais.

Apresentamos algumas das principais ações de Putin nesse pequeno período de quatro anos, entretanto elas revelam uma significativa correlação com as perspectivas teóricas. Uma linha histórica mais ampla foi apresentada na dissertação de Camargo (2018) e revela as mesmas observações. Contudo devemos nos ater que a efetiva prática de Putin não é ortodoxa a qualquer teoria, mas uma manifestação da efetiva capacidade russa diante das múltiplas adversidades políticas internas e externas. Portanto, até o momento, há vantagens relevantes nessas práticas geopolíticas, conquanto possam ser revistas e reestruturadas segundo o método e a forma, de acordo com a realidade objetiva russa.

Referências

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BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições, 2011.

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* Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Rio Claro/SP. Bolsista CNPq. E-mail: feldecamargo@gmail.com.

** Doutor em Geografia pela UNESP. Docente do Departamento de Geografia e Planejamento Ambiental da UNESP, Campus de Rio Claro/SP. E-mail: p.godoy@unesp.br.

1 Sendo a mudança de um regime de governo por outro através de ações políticas, militares ou ingerências indiretas, causadas e articuladas por uma ou mais potências externas. Muito utilizadas pelos Estados Unidos (MONIZ BANDEIRA, 2017).

2 There is evidence of Russian troops present in eastern Ukraine – not only in a command role and to operate advanced equipment, but as coherent fighting formations too. Those forces deployed to Ukraine, on or near the border, and in Crimea represent a serious and direct threat to Ukraine. That is due to the numbers of these Russian forces, which nearly matches that of all of Kiev’s available combat forces. Further, rebel forces more or less under Russian control number half the total of Russian troops. Hence, Kiev cannot generate or count on numerical superiority.

3 Até 14 de Abril de 2011 o nome oficial era BRIC. Após essa data houve o acréscimo do S da África do Sul.

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ISSN 2317-3254