Pode a teoria normativa ter alguma contribuição na luta contra a injustiça?

Raissa Wihby Ventura, Lucas Petroni

Resumo


A teoria política normativa é capaz de ser um guia para a ação no mundo real? Será que precisamos apelar para uma noção de sociedade perfeitamente justa para podermos fundamentar nossos julgamentos sobre a justiça ou a injustiça nos contextos sociais concretos? Com Amartya Sen, aprendemos que o que deve mover a teoria e a filosofia política não é a compreensão de que o mundo é privado de uma justiça completa, mas sim a ideia de que existem injustiças evidentemente remediáveis que devemos eliminar. Com Iris Young, aprendemos que uma teoria que pretende construir uma medida de justiça útil deve conter premissas substantivas acerca da vida social que, usualmente, são derivadas, implícita ou explicitamente, do contexto social concreto no qual o ato de teorização é realizado. Ainda que ambos os autores partam de perspectivas teóricas distintas – e até mesmo opostas em muitos casos – tanto Sen como Young identificam um problema fundamental com o tipo de teoria normativa proposta por John Rawls e seus seguidores que merece ser analisado com cuidado. Ambos ressaltam os limites práticos que princípios de justiça fundados em um modelo ideal de sociedade possuem para solucionar problemas de justiça reais. Sendo assim, o objetivo deste texto é avaliar essa objeção a partir da leitura que Young oferece da teoria da justiça de Rawls. O foco central será a discussão metodológica que Young propõe e o modo como constrói o que seria uma teoria crítica normativa em oposição ao “paradigma distributivo". O passo seguinte constitui-se em uma proposta do que parece ser uma interpretação adequada do que significa entender a filosofia e a teoria política normativa como uma utopia realista – tal como formuladas por John Rawls.

Palavras-chave


Justiça. Teoria Normativa. Teoria Crítica. Utopia Realista.

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DOI: https://doi.org/10.26694/rcp.issn.2317-3254.v3e1.2014.p69-85

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ISSN 2317-3254