Evidenciação sobre Risco de Crédito pelos Bancos Brasileiros nas Demonstrações Financeiras em IFRS e Cosif

Vanessa Maciel Martins, José Alves Dantas

Resumo


Um dos principais preceitos da contabilidade é o de assegurar a transparência das informações aos usuários das demonstrações financeiras. Associando esse preceito aos diversos riscos inerentes às atividades bancárias, é essencial a evidenciação da informação sobre esses riscos para garantir a confiabilidade e a estabilidade do sistema financeiro. O presente estudo teve por objetivo central identificar qual dos dois padrões de divulgação financeira adotados no Sistema Financeiro Nacional (SFN) – IFRS ou Cosif – melhor atende aos requisitos de evidenciação sobre risco de crédito previsto no Acordo de Basileia. Para essa comparação foram analisadas as informações divulgadas sobre risco de crédito nas demonstrações financeiras anuais, referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012, seguindo os dois modelos de divulgação, das dez maiores instituições financeiras em atuação no Brasil do tipo Consolidado Bancário I, considerando o parâmetro de ativos totais. Por meio de análise de conteúdo, foi apurado o grau de Divulgação do Risco de Crédito (DRC) para as instituições bancárias da amostra, nos três períodos, atribuindo notas, entre 0 e 1, para cada um dos oitos requisitos de divulgação previstos no Pilar 3 de Basileia II, nas demonstrações financeiras elaboradas com base nos padrões IFRS e Cosif. Constatou-se que, nos três períodos analisados, as demonstrações em IFRS têm, na média, atendido mais adequadamente aos requisitos de divulgação sobre risco de crédito previsto no Acordo que as demonstrações financeiras anuais seguindo o modelo Cosif. A análise dos requisitos de divulgação, por instituição, reforça essas evidências de maior divulgação nas demonstrações em IFRS, tendo em vista que apenas nove dos dez bancos da amostra apresentam maior grau de evidenciação nas demonstrações elaboradas com esse padrão.

Palavras-chave


Evidenciação; Risco de crédito; Instituições Bancárias; IFRS; Cosif.

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DOI: https://doi.org/10.26694/2358.1735.2014.v1ed22083

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