Existe uma lógica da ação humana?

Álvaro Mendonça Pimentel

Resumo


O artigo apresenta e examina a proposta blondeliana de uma lógica da ação humana, vista sob o ponto de vista da práxis ou ação moral. O conceito de ação é exposto de forma descritiva, dentro da perspectiva dialética e existencial própria à Ação (1893). Nela a necessidade lógica que leva o discurso a progredir não possui a última palavra, pois cabe ao leitor decidir se deve ou não seguir adiante no exame do conteúdo da ação entendida como a síntese original de suas condições corporais, psíquicas, espirituais, culturais, relacionais etc. Ao concluir pela inclusão dos elementos preferidos e preteridos na avaliação da moralidade de cada ação, Blondel coloca-nos diante de uma lógica que supera a lógica da contradição e do terceiro excluído. Lógica da inclusão, graças ao conceito ontológico de privação positiva. Privação significa que algo que deveria ou poderia ter sido ou trazido à existência permaneceu sem cumprimento, mas é reconhecido nas afirmações e atitudes de quem age. Para Blondel, em toda ação, o que é eleito e preferido se une ao que foi preterido e sacrificado, mas não destruído, para estabelecer o valor moral da consciência do agente. Há, portanto, em cada realização um universo de potencialidades das quais o agente se priva e que continuam a solicitá-lo. Ora, além dos valores e virtudes em jogo, algo mais pode ser acolhido ou preterido na ação: o Dom Infinito e gratuito. Não como no ato de fé religiosa, mas como hóspede secreto, pronto a revelar-se em acontecimentos surpreendentes.


Palavras-chave


Ação, Lógica, Moral, Privação, Consciência Moral

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DOI: https://doi.org/10.26694/pensando.v13i30.13866

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